Professora, já ta na hora?

E agora, bailarina? Você, aluna, quer mudar de nível, você professora, não sabe bem o que e como fazer…

Quem decide isso é a professora e não a aluna! Às vezes, acontece de uma menina sentir-se “injustiçada” e até mesmo, as colegas podem está-la apoiando “contra a professora” e a professora “perde a aluna”. Também se perde aluna por excesso e falta de disciplina, excesso e falta de apoio, excesso e falta de carinho, etc etc etc… Então, a aluna “perdida” seria perdida de qualquer maneira. Não tem pra onde correr!

Existe em São Paulo – e, arrisco dizer que se espalhou pelo Brasil – basicamente, duas grandes Escolas. Quando digo Escola, não me refiro à estrutura física “espelho, tenda no teto, camelo no canto” porque isso tem muito, muito mais que duas, digo escola como “pensamento”, como orientação, Norte. Estas são a Khan El Khalili e Luxor e respectivos descendentes. Eu “pertenço a Escola Khan El Khalili”, foi La que aprendi e onde passei boa parte da minha carreira de Professora. Comecei em outro lugar, numa escola de Ballet, com 5 bailarinas clássicas na aula, mas isso é outra história…

A Primeira, a Khan, em princípio, deu total liberdade para as professoras ensinarem como e o que bem entendessem e a escolha de nível era, praticamente, feita pela aluna, de acordo com o seu horário e disponibilidade. Eu dei aulas (muitas!) além das minhas próprias turmas na Khan e vi alunas avançadas em turmas Iniciantes e vice-versa (o vice-versa, claro, muito mais!). A Luxor quando surgiu, já surgiu com método, treinamento, tem um trabalho mais padronizado e tem meninas, do mesmo jeito, iniciantes em Avançados e vice-versa, nem um dos dois “métodos mais comuns” é eficiente no sentido de “Definição do que é Nível”. A DV está engatinhando nesse sentido… A DV é a única dança “Étnica” de estilo absolutamente livre, todas as outras têm “pré-requisitos e normas” já definidas, a DV, ainda não e, na minha opinião, estamos muito, mas muito longe disso… E tem, ainda, um “desequilíbrio entre Campo e Academia”. Explico: Umas dançam muito outras escrevem muito… Falta ajuste aí, também aí.

Eu não tenho Iniciantes (por uma razão muito simples, tenho muito mais procura de profissionais, então, tenho três Avançados e dois Intermediários) e nas minhas turmas Intermediárias eu tenho professoras e tenho Intermediárias no Avançado que estão lá por conta do Horário. Todas elas, no meu caso, sabem o seu nível na minha opinião pessoal por conta da minha postura com relação a elas, mas tenho (sempre tem!) uma ou outra “Diva auto-proclamada” e isso, na minha opinião, não é da minha conta. Enquanto sua “Divinisse” não atrapalhar o aprendizado das outras, deixa ela e a sua loucura pra lá que elas duas (a menina e a loucura) se viram. Se a menina começar a ficar boa de verdade, eu chamo no canto e dou um toque. Se a menina continuar “estática divando no mesmo nível” ela vai sair, sozinha, sentido-se “injustiçada”. E tudo bem!

Um professor que não é autoridade (vale lembrar que autoridade vem de Autoria!) dentro de uma sala de aula tem a mesma função do camelo no canto… Serve para “compor o clima” porque, ensinar, sem estar no comando e, de lá do comando, aprendendo com as alunas, na minha opinião, não funciona.

Em grupos muito grandes (acima de 20 meninas) também fica muito difícil “resolver isso” porque é possível, num grupo deste tamanho, “fingir ou forjar” isso e aquilo, num grupo menor, a professora tem mais controle. O que difere, pra mim, uma Intermediária de uma Avançada é o que eu espero e exijo dela, em todos os sentidos! Uma Intermediária tem até um pouco mais de “moleza” no sentido da Disciplina, de uma bailarina/professora eu já não tolero, porque meu trabalho é prepará-la para o trabalho que ela já executa e o nosso, sem muita (muita mesmo!) disciplina não vai pra frente, de jeito nenhum, então, não vou deixar pra um “Contratante” fazer o meu trabalho!

O que temos de melhor e pior são sempre duas faces da mesma moeda e o Melhor-Pior na DV é esta “Democracia”, este “Vale-Tudo” porque, daí, vira tudo opinião (lá vou eu falar de opinião!). Eu lido com isso do meu jeito… Meu jeito? “Bate-Assopra”! Eu sou uma mãe das minhas alunas, sempre fui (transferi essa energia da Maternidade pra elas) e tenho um apego louco com minhas alunas, algumas mais outras menos, mas tenho uma forma de amor-cuidado por todas, encho elas de beijinhos mas já passei cada sabão que eu teria pavor de receber. Se precisar eu boto pra fora… Na “minha casa” não tem festa, exceto quando é Festa, em letra maiúscula, daí elas “vão até o chão”, é catártico, porque no nosso dia a dia, a menina começa, por exemplo, a furar, toma “toco”, falar demais “toco”, causar com o grupo “toco” mas o que me garante a manutenção destas meninas, com tanto “toco” é que o “Produto” que ofereço é muito bom, bem preparado, tenho, mais de 25 anos (ui!) de magistério, sei e amo ensinar, tenho a tal da Autoria que me permite ter Autoridade em sala de aula e o nível do meu trabalho é que tem que contar, o meu trabalho tem que ser Avançado…

Agora, se a menina não aguenta (tem um monte que vem, faz uma aula e… sai correndo!) ela migra pra um “sistema mais aberto e divertido”… Eu costumo dizer “Você quer se divertir? Vá a um parque de diversões porque isso aqui não é, necessariamente, divertido! Não estou aqui para proporcionar ‘alegrias’ e sim ‘realizações”. Muita gente já disse que “com esta postura” eu iria “quebrar” mas, ao contrário disso, não só não quebrei como “metade” desse mercado carrega meu nome! Umas amam, outras nem tanto, tem muitos boatos sobre meus métodos “nada ortodoxos” de ensinar mas eu tenho algumas joias que me cercam (meninas de uma preciosidade rara, bela) que me dão segurança de estar no caminho certo…

O que eu acho dos outros métodos? O que eu acho da “progressão continuada” adotada em algumas escolas? Acho legal! Acho legal que tenha! Eu já achei, no passado, que “Concursos de Dança do Ventre” ou ainda Homens dançando eram “Sinais do Apocalipse”, passados vinte e poucos anos, estas duas coisas estão estabelecidas, praticamente, como “norma” no Mundo Inteiro, então a experiência (que nem sempre é tão libertadora assim) já me ensinou que eu fazendo parte ou não das coisas, elas, simplesmente, estão aí! O que vale, no final, é o brilho da menina, o desejo dela ser bailarina e, claro, um pouco de “sorte”, uma ou outra pessoa incrível no caminho (eu tive várias!) pra ir te botando no chão, caso seu Ego vire “presidente dos seus atos” porque eu já vi menina fazer “tudo certo e dar errado” e vice-versa porque estamos num Mercado em Movimento! Sendo assim, melhor deixar os julgamentos para o Tempo, que sempre decide as coisas melhor do que nós!