Reflexões profundas nos levam a descobertas interessantes… Compartilhar estas descobertas é um modo de dividir o que sabemos com o mundo, é generoso, é um ato de bondade com o outro. Às vezes, um “toque” vem na hora e medida certa sem, sequer, percebermos de onde. Cada descoberta humana pode ou, até, deve ser compartilhada. Assim, nós, seres humanos, temos chance de aprender com os erros e acertos dos outros. Afinal, não teremos, mesmo, tempo de cometê-los, todos, pessoalmente.
A profundidade de uma reflexão e a importância de uma descoberta depende do referencial que cada um tem, a partir de seu conhecimento e sua experiência. Exemplo: Tampopo (minha gatinha) descobriu dia desses, que a janela da sala é “a mesma, tanto de fora, quanto de dentro de casa” e ficou histérica, querendo contar pra nós o que percebeu. Como Tampopo não tem perfil nas redes sociais, não gravou um vídeo emocionado, dizendo “Gatos… todo mundo me conhece e sabe que eu não sou de falar muita coisa, mas eu preciso dividir com vocês uma coisa que considero muito importante! As janelas têm dois lados: Um de fora e um de dentro e, mesmo assim, permanecem sendo as mesmas janelas!” (nesse ponto, Tampopo choraria de emoção!). Como ela é minha gatinha, eu achei fofo, achei lindo e celebrei com ela! Uma percepção dessas, vinda de um gato merece algum reconhecimento.
As coisas que não são nada são aquelas que interessam àqueles que amam a gente! Àqueles que amam com um amor de verdade, capaz de acolher-nos em nossos devaneios. Estas são as pessoas com as quais você comenta (sem filtro, sem pudor) qualquer bobagem que passa pela sua cabeça. Assim, somos acolhidos nas nossas bobagens, fantasias, coisas sem significado e que, em dois ou três dias, deixarão de existir. Riremos depois! Acolheremos depois! Ouviremos as bobagens do outro também. Isso se chama Intimidade e é uma coisa que é espontânea ou, simplesmente, não é.
Agora, a distinção entre estas duas coisas, tanto para quem diz, quanto para quem ouve (ou escreve/lê), é que faz toda a diferença!
“Não confunda Obra de Arte do Mestre Picasso com pica de aço do Mestre de obra” é uma maravilha da Língua Portuguesa! É uma coisa bem escrita, que junta duas idéias absolutamente distintas e ainda tem um ótimo senso de humor. Soa parecido “Obra de Arte do Mestre Picasso” e “pica de aço do Mestre de obra”, algumas palavras se repetem, mas as duas coisas têm sentido absolutamente distinto. Pode parecer incrível, mas tem muita gente que não consegue distinguir uma coisa da outra, ou confunde uma com a outra ou, ainda pior, inverte uma pela outra… Já disse isso antes, mas não custa repetir: Escrever, qualquer um escreve, ler é que é difícil. Quando digo “ler”, não falo de “decodificar combinações de letras” c+a+s+a=casa e sim compreender o que significa uma “casa” e, para tanto, a pessoa tem que ter visto uma! “Quem não sabe o que é uma casa?”. Qualquer criatura do mundo que jamais tenha visto uma ou que não domine a língua portuguesa, o que já é bastante gente!
Algumas palavras que se enfiam em qualquer contexto: Surreal, Bizarro, Hipocrisia, Humildade. Quando alguém me diz “Hoje um sujeito bizarro fez um negócio surreal!” eu fico esperando ouvir que um ornitorrinco com implantes sob a pele dirigia um trator na Avenida 23 de Maio. (Bizarro e Surreal junto daria meio nisso). Hipocrisia é a “atual resignificação das palavras falsidade ou mentira”, mas parece uma coisa maior ou mais importante. “Mentiroso!” é uma coisa muito Regina Duarte, “Hipócrita” é proparoxítona, uma palavra com “H”. É muito mais dramático!
Humildade é o “apelido fofinho para falsa modéstia”, que é uma coisa, absolutamente, detestável. Daí, ficou assim: “Eu acho surreal que no atual mercado de Artes tenha umas pessoas bizarras que não têm humildade para assumir que a hipocrisia…” essa é a “pica de aço do mestre de obras”. Soa alguma coisa que, definitivamente, não é. Pode até ser uma legenda interessante mas, definitivamente, não estamos falando de Arte.
Todos nós (como nunca dantes na história desse país!) pitacamos sobre Política. Eu mesma, sinceramente, adoro! Se eu trabalhasse na política, aí, eu teria que tomar muito mais cuidado com os meus pitacos, eu teria que, obrigatoriamente, ter uma “Obra Política” que justificasse minha falácia ou isto, sim, seria hipocrisia ou, ainda pior, o mais genuíno desejo de jogar merda no ventilador, talvez pra chamar a atenção, ser vista. Só que chamar a atenção não seleciona “de quem” ou “para quê” e quanto mais opiniões temos, maior é o compromisso com a nossa obra!
Dia desses, alguém publicou um vídeo de um casal dançando um “Arrocha” (sei lá o que era, exatamente, era um arrocho lá…) e eu achei feio, vulgar de mau gosto e comentei mais ou menos isso… Algumas pessoas, logo abaixo do meu comentário (daquele jeito que joga uma indireta-direta pra que todos saibam que está falando de você) escreveram coisas do tipo “são bailarinos maravilhosos, premiados sei lá quantas vezes, sei lá onde”. Pois é… pra mim que sou ignorante na diferença de um para outro “arrocho” fico, somente, como público, na posição de gostar ou não. Não gostei! Só que não pode “não gostar de gente famosa prasuasnega”.
E eu contei essa história pra contradizer o que acabei de dizer: “O compromisso com a sua obra”. Ou seja, até mesmo pessoas que têm “prêmios acumulados”, para fazerem ou dizerem o que bem entendem, num local público de altíssima frequência, como é o caso das redes sociais, devem estar preparadas para críticas e saber que, fora do seu “Microcosmo onde ele é foda” pode, simplesmente, estar dizendo ou fazendo uma coisa que não é nada pra muita gente, com pompa de grande descoberta a ser compartilhada com todos.
Gente vendendo saquinhos de vento (sempre, claro, com explicações muito bem elaboradas, cheias de “surrealismo e bizarrice”, sobre o tempo, dinheiro e experiência que empreendeu para descobrir como ensacar vento) é bem irritante, mas a fila pra comprar, sempre me irrita mais, depois, o pessoal que não quer comprar o saquinho (afinal, é vento!) se ocupar de criticar (e, às vezes ofender, agredir) os compradores do saquinho me dão muita (muita, muita) vontade de ficar em casa, sem Wi-Fi, sem 3G, admirando as descobertas incríveis da Tampopo!