Ouvi dizer que…

Ouvi dizer que, quando um artista vai para o palco, ele leva consigo o que aprendeu na vida e não em sala de aula… Mas, o que você passou, não é tão importante ou pessoal assim, eu, sua mãe e minha mãe, e a Rainha da Inglaterra e a moça que vende coxinha também passamos. O que interessa mesmo é o que a gente fez com o que a gente passou.

Nossas dores, amores, mágoas, decepções, medos, fez o que deles? Virou muleta? Amuleto? Esconderijo? Psicopatia? Pode ser também, mas também dá pra metabolizar isso… A arte é um caminho, a dança, então… Que caminho!

Peguei uma dor aqui, um amor ali… umedeci com lágrimas, gozo, saliva, até que ficasse molinho, que virasse onda, oito, círculo e vou lá, na frente de todo mundo, derreter os meus sentires… Decantei a raiva (e quanta raiva!) até que ficasse seco demais, tenso demais, pra tremer a raiva, não tremer de raiva porque não tenho tempo, preciso sorrir e preciso sorrir agora! A vida é urgente! “É importante viver o hoje” é uma bobagem enorme, porque insinua que tem outra forma de viver que não seja o hoje e não tem, não. Ou tem?

Então eu vou dançar o que eu sinto e me recuso a guardar essas coisas em diários. Eu quero mais é que todo mundo veja! Que goste, que odeie, que tema, o que for, mas não existe descoberta pessoal! Olha pra essa palavra “descoberta”. Tá descoberto, pronto, já foi e agora, pertence a todos nós!

(Jade El Jabel – julho de 2011)