As baleias são mamíferos marinhos enormes. Seu corpo gigante tem muita, muita gordura e a quantidade de comida que uma baleia precisa para se alimentar, vai muito além de um peixinho.
Eu não entendo nada da “bio-mecânica de animais marinhos”, mas, imagino que um salto de um peixe gigante (que não tem pernas, claro!) seja algo para o qual ele necessite empreender um esforço e energia do tamanho do Mundo.
Lá vem o treinador, do alto da escada, com seu peixinho, lá vem a baleia, do fundo de sua apertada piscina-cativeiro, saltar para pegar o peixinho, ganhar um cafuné do treinador e a Saudação da Geral!.
Quando o treinador oferece à baleia um peixinho, ele dá a ela duas informações: 1) Eu sei do que você precisa e 2) Eu tenho o que você precisa. A baleia, quando salta, não é para fisgar o peixe, e sim para fisgar a idéia, a possibilidade, o sonho de encontro com alguém que vai dar a ela o que ela precisa… Volta frustrada para o fundo da piscina e, antes mesmo de perceber o quanto aquele peixinho não saciou sua fome, não resiste ao brilho fosco, do peixinho que balança, lá no alto e salta, novamente…
Podemos, então, concluir que uma balia para empreender todo este esforço por quase nada deve estar, sim, faminta! Tanto tempo fora do mar que, talvez, ela sequer se lembre o que é estar, de fato, saciada, alimentada e livre.
Algumas histórias “de amor” (favor, considerar as aspas!) têm uma dinâmica muito próxima desta. A menina, a baleia, o treinador, o “Príncipe da vez” e os peixinhos são as migalhas de esperança que as fazem saltar de sua profundidade, para a ilusão – já comprovada – de encontrar o que precisa, o que a alimenta…
De acordo com ela, o seu “provedor” tem o que ela necessita, ela enxerga o balde cheio de peixes ao seu lado mas, o fato é que ela salta ao primeiro sinal de peixinho e o treinador pode ir embora com seu balde, brincar com outras baleias. Ela, no fundo de sua piscina, faminta e confusa, sente uma dupla culpa: querer o balde e aceitar o peixinho.
A este ponto, algumas meninas trocam de treinador, mas continuam na mesmíssima dinâmica, por já estarem, há muito tempo, longe do mar e da real sensação de ser alimentada, com calma, com fartura, a seu tempo. Ás vezes ficam anos assim…
Imagine o que aconteceria se a baleia, simplesmente, não saltasse? O treinador teria que aumentar o tamanho e quantidade dos peixes! Talvez ele atirasse alguns na piscina e ela os comeria sem que ele visse e se envaidecesse disso, indo embora com seu balde… Talvez ele atirasse todo o balde para dentro da piscina e, à essa altura, a baleia já estaria bem saciada e, não mais saltando, fosse devolvida ao mar…
Os “peixinhos” que alguns meninos atiram para as meninas, vêm em forma de elogio, de carinho, presentinho (quase sempre meio “opaco”, meio repetido, “virtual”) e, se você não saltar, vêm peixes maiores, um telefonema, chegam flores, ele fala de você pras pessoas e “curte tudo que você posta” (que preguiça pensar que isso é um “peixe médio”). Se você não aceitar os peixes médios, duas coisas podem acontecer: 1) Você vai conhecer um moço novo, melhor e mais gentil que é, exatamente aquele, só que rejeitado e se dar bem ou 2 ) Ele vai desaparecer com seu balde véio, vai tarde, obrigada, de nada, disponha.
Receber e Responder são duas coisas absolutamente distintas e você pode (deve!) receber, aceitar, alimentar-se dos peixinhos, você só não precisa saltar! Ele te diz “Você é a mulher mais deliciosa que eu conheci na vida!” (lá no “Watsapp”, um peixe médio, pra ver se você salta). Receba, aceite, acredite, sorria, alimente-se dele e não faça absolutamente nada “com” ou “por” ele. Pense que, assim com a barriguinha mais cheia, o próximo “Príncipe encantado” já vai ter que chegar com um Atum inteiro ou você nem irá notar sua chegada e essa “rede” deixará os caras do baldinho do lado de fora da sua piscina!
Ame você primeiro, sereia! Nós somos muito mais que baleias e, infinitamente, mais que sereias! Sabe por quê? Sabe, exatamente, aquilo que as sereias não têm? Pois é… nós temos! Só “pelo que não têm as sereias”, os homens são capazes de enfrentar Monstros Marinhos! E, acima disso, um ventre que pare, seios que alimentam, entre eles, um coração de leão, de sobrevivente, acima disso, a garganta, a boca que berra “Não!”, olhos cheios de amor e, ainda acima, bem acima uma máquina maravilhosa que Deus Deu a homens e mulheres, para que todo o resto funcione bem.
Aproveite todos os recursos e, pelo sim pelo não, tenha sempre uma amiga durona pra ligar quando “a coceira no dedo” estiver insuportável e, se possível, um bom amigo (pode vir com corpo ou, somente, pilhas) para quando a coceira não for, bem, no dedo.