Quando começou essa “História” de “Concurso de Dança do Ventre” no Brasil, minha geração achava isso uma grande piada, sinceramente… Nós, simplesmente, nos recusávamos a fazer parte, achávamos bizarro, sem sentido, tínhamos horror a isso!
Talvez, também por esta razão, os “Concursos” passaram a ser “Não concursos”, viraram “Selos”, “Padrões”, etc, mas, na cabeça da menina que dança ainda há uma certa confusão com relação a isto. Percebo quando elas “voltam do Concurso-não-concurso” dizendo que “não passaram, mas fulana passou”, então, sim, concorrem! Às vezes, concorrem a nada, às vezes trabalho, prestígio, visualização, medalha, capa de revista e até dinheiro mas, quase sempre, “as melhores ganham alguma coisa”. Então, no caso, é concurso!
Agora, este formato (também, Graças a Deus!) tem mudado e as meninas têm participado de bancas nas quais, de fato, ganham uma coisa demasiado preciosa: A Avaliação de um artista que ela admira, olhos nos olhos, imediatamente após a “Banca”. Isto eu, particularmente, acho sensacional! Este é o tipo de banca que eu faço com prazer, porque estou oferecendo um “produto” que pode ser mais efetivo e, claro, dentro da área que eu realmente trabalho, que é o Sagrado Exercício do Magistério, coisa para a qual, acredito, eu vim a este Mundo.
Quando eu comecei a dançar, ao lado de feras como Layla, Nájua Sune, Shams, Fátima Fontes, se uma destas meninas, mais velhas e mais experientes que eu me dissesse “Esta maquiagem (roupa, perfume, acessório) não lhe cai bem” ou “Você precisa estudar isto ou aquilo” eu, simplesmente, acatava! Hoje em dia, somente dou dicas e conselhos quando sou paga para tanto, porque o dinheiro é uma garantia de que minha opinião interessa, de fato, à menina porque, muitas vezes “Eu quero sua opinião” quer dizer, na verdade “Eu quero um elogio seu” e também acontece o contrário! Eu digo à menina que ela “tem futuro” e ela ouve que “pode parar de estudar porque arrasa”, então, tenho guardado muitos elogios e críticas para mim mesma… Saio sentida, “devendo a mim mesma” mas… já disse isso antes, meu armário de saias justas está lotado demais!
Se eu vendesse pãezinhos, se a pessoa me pedisse meia dúzia deles, receberia meia dúzia de pãezinhos feitos com muito profissionalismo e cuidado, para esta “cliente” e é assim, exatamente, assim que eu avalio uma menina: Ela compra um produto e eu o entrego, da melhor maneira possível, sem muito “embrulho” (ou seria imbróglio?) para que o produto não seja confundido com a embalagem… Se você se ocupar da parte do “Olha você é linda, eu entendo que você está nervosa, você dança muito bem…” você “ocupa o espaço de um pãozinho no seu embrulho”, entende? Esta parte ela já ouve (da mãe, das amigas, do namorado, etc) o meu produto é outro: Avaliação
Se me permitem aqui vão três dicas para bem avaliar uma bailarina (na minha opinião, claro):
1 – Preste atenção ao que ela tem de bom, de facilidade. Ela sempre terá esta mesma facilidade e vale a pena “investir” nela, porque, provavelmente, esta será a sua “marca”, seu diferencial, seja um “quadrilzão”, um “sorrisão”, um “ouvido incrível”, etc. Apontar sua qualidade e, vale a pena explicar isso, significa “estude mais isto que é prazeroso pra você de estudar/executar, para que isto cresça, pois será sempre a parte mais fácil pra você e, sendo fácil e estando bom, pode tornar-se sublime através do estudo, ou, ‘sua única coisa, desde sempre’, se você se acomodar”.
2 – Aponte, claramente, o que você acredita que ela precisa melhorar, em todos os aspectos da dança que você perceba e ofereça (Sempre!) dicas e caminhos para esta melhora. “Não sei o que você pode fazer para melhorar” ela também já tem das pessoas às quais ela não paga. Portanto, se você perceber uma “coisa para ser melhorada que não é da sua alçada”, tenha humildade para consultar os colegas de banca ou, na falta da humildade (ou de tempo), não diga nada.
3 – Aceite as possíveis rejeições às suas críticas e observações! Lembre-se que nem sempre uma pessoa aceita receber um produto, apesar de ter pago por ele! E haverá rejeições sim! Eu recebo algumas vezes (não diretamente mas, claro, sempre tem alguma “boa alma” para trazer este tipo de comentário) e minha reação é a de sempre: Não faço absolutamente nada. Não faço absolutamente nada com relação a coisas que não me trarão benefícios profissionais e pessoais, nunca. Fofocas, intrigas, críticas grosseiras. Rio e saio para fumar porque “tomar um pito meu” é reservado às pessoas que eu amo e que pagam (de alguma forma) por isso.