DANÇA DO VENTRE e SOLIDARIEDADE

Acho que todo mundo do meio da Dança do Ventre que circula pelas redes sociais deve ter percebido que muitas bailarinas, atualmente, têm se envolvido com ações solidárias o que é uma coisa muito bonita, que me enche de orgulho, ver essa nossa “paixão” botar roupa no corpo, comida no prato de quem precisa! Parabéns pra nós!
Mas… como quase tudo tem um “mas…”, tem um “outro lado”, esse virou, também um recurso de Marketing muito mais que eficiente: a moça oferece Workshops de estrelas para seu público sem gastar um único real, faz uma “moral” com suas alunas e sai muito bem na foto, de “bailarina solidária”! Esse é o “outro lado” que, somado ao primeiro (a ajuda real!) tudo bem, é um “efeito colateral”.
A questão é que, por alguns “eventos isolados” estou percebendo que tem um oportunismo envolvido nisso. Há casos em que o modo que a menina se aproxima pra te “convidar” te dá um certo “Opa!” imediato. Aconteceu comigo e com colegas minhas também e ao ouvir “não” a reação é sempre um “biquinho”, sabe? Aquele “ok” que você enxerga o beicinho na mensagem?
Nunca falei sobre isso “aqui”, mas a situação, realmente, pede: Fiz algumas ações grandes e com muito êxito, uma para mulheres vítimas de violência doméstica, esta incluía, roupas, itens de higiene, calçados, maquiagem, um show e um bate-papo comigo. Foi lindo! O que consegui (conseguimos, claro, passei o chapéu entre minhas alunas e amigas!) deu para, além de distribuir entre as mulheres, fazer um bazar, já que ganharam coisas belíssimas que valeria a pena fazer um din din para coisas mais urgentes.
Depois, foram duas ações para Refugiados sírios (à época, dava aulas de português para mulheres árabes, trabalho voluntário, claro, duas vezes por semana e estava envolvida com elas quase que diariamente, dando uma mãozinha em suas comunicações aqui no Brasil). Uma das ações era para as “moradias” e, até mesmo, cama, geladeira, fogão eu consegui, foi lindo demais, outra, agasalhos e outra, para crianças, que incluía brinquedos, fraldas e material escolar, além de roupinha. Ganhei até carrinho e berço de bebê!
Fiz outras duas ou três (chá beneficente com show e palestra minha, no meu estúdio ou, simplesmente, “meninas, precisamos alimentar um pessoal aí!”) e, neste momento, estou iniciando uma para angariar agasalhos.
E dei aqui um “breve histórico do meu lado solidário” pra que os “decodificadores de sílabas” (aqueles que “lêem o que querem ler”) entendam que, não, eu não sou uma pessoa que “só pensa em dinheiro bla bla bla” e, sim, faço “parte da minha parte” (porque sei que poderia fazer muito mais!).
Em todas estas ações, recebi muito amor e ajuda, dos dois lados e, claro, recebi roupas (inclusive de bebês!) que não serviriam nem para limpar móveis, trajes ridículos de festa a fantasia cheirando a mofo, alimentos e itens de higiene vencidos, “conselhos e dicas” sobre como deveria proceder, “lições de moral” do tipo “quem ajuda tem que ensinar a pescar e não doar o peixe”, além, claro, daquelas mensagem dos “desconfiados de plantão” que queriam entregar seus itens, pessoalmente, nas instituições que ajudei. Somente pra contar algumas situações – chatérrimas, desestimulantes – que envolvem estas ações.
As pessoas que me mandaram as “sacolas de lixo” de suas casas dormiram bem naquela noite porque “fizeram sua parte”, sabia? Fazer sua parte é uma coisa que depende do julgamento moral de cada um que é, absolutamente, pessoal.
Em nenhuma dessas ações eu trabalhei no “modo chantagem” para conseguir alguma coisa e, muito menos, escrevi “posts mal criados” pra quem não me ajudou, por uma razão muito simples: não é da minha conta e meu foco é outro, é em quem AJUDA e em quem PRECISA da ajuda. Quem quer e pode contribui com o que quer e pode e pronto!
Outra coisa importante de explicar é esse projeto incrível que a Mahira Hasan fez, o “Dança Ração” do qual eu, obviamente, participei, já que a esta altura, uma meia dúzia de leitores desavisados estão tentando “encaixar meu texto em algum lugar” e podem encaixar no “Dança Ração” que está bombando.
A Mahira milita DIARIAMENTE pelos bichos. Ela, pessoalmente, resgata, acolhe e, consequentemente, paga altas contas por eles e, portanto, estender a mão à Mahira nesta ação é colaborar “suavemente” com o que ela já faz todos os dias, sob nossos olhos.
Outra coisa importante sobre o Dança Ração: A Ação foi programada com um ano de antecedência e, quando ela entrou em contato, já tinha todos os horários programadinhos pra gente escolher e a divulgação que ela fez em cima disso trouxe benefícios para todos os envolvidos! Do gatinho mais faminto até eu, todos fomos tratados com muito carinho, respeito e, claro, profissionalismo.
Mais algumas coisas sobre a Mahira: Excelente aluna, bailarina, professora e produtora, se ela fizer um único show por ano (com cachê, pois ela sempre paga!), tem uma probabilidade de 90% de ela me contratar. Como ela é muito ocupada, faz menos aulas do que gostaria mas, se fizer uma única aula, também, existe a chance de ser comigo. E uma outra coisa incrível sobre ela é que ela sabe tanto dizer quanto ouvir NÃO com muita classe, direta, sem frescuras por uma razão muito simples: O que ela faz ela, realmente, faz por amor, por compaixão, movida por sentimentos nobres e todo mundo (ou quase todo mundo) diz SIM a Mahira e aos seus bichos, exatamente, pelas razões que descrevi acima.
Então, galera… Quem quer fazer, faz, quem quer ajudar, ajuda e é todo dia, não é pra “trazer gente pro seu estúdio”, pelo menos, não somente pra isso.
Eu não canso de me “absurdar” com o tipo de coisa que são capazes de fazer as pessoas que querem o tal do “lugar ao Sol”… É um “vale tudo”, sem classe, moral, peso ou medida.