Que atire a primeira pedra!

Seios, beijos, abraços e bumbuns vendem cereal, pasta de dente, cerveja, tudo soltinho, tudo bem à vontade, tem música própria, tem “mulher fruta” e “mulher cachorra” (autodenominada!) de fio dental na TV no horário livre, é “entretenimento”, afinal, “a fila anda”, a mulher é livre, todo mundo nu, é o Brasil da Festa do Cabide!

O Brasil é sensual, a mulher brasileira, então, nem se fale, mas, a mulher brasileira bailarina de dança do ventre na-na-ni-na-não! Tem que ser descente! Distintíssima!

No Flamenco, no Tango, no Moderno aparecem belas pernas inteiras, às vezes até umas calcinhas, tem até nu total! Mas a Dança do Ventre (feminina, trêmula, sinuosa) não, não pode! Já falei! É sagrado! Tem até uma tal de uma Deusa no meio.

E casos de desobediência são punidos severamente exibidos na Net, comentados à exaustão, por meses a fio. “Jade, você viu? APARECEU A CAL-CI-NHA!” (Mas tem que dizê-lo em tom ameaçador, revoltado, com muitos pontos de exclamação). Coisa cansativa essa, não? Enfadonha, preguiçosa.

Tenho vídeos dos anos 50 nos quais aparecem as “terríveis coxas e calcinhas assassinas” e lá no Egito de 1950 podia, no Brasil superbundudo de 2009, não, não pode…

(E essa reflexão me deu uma saudade danada da Dercy Gonçalves!)